TECNOLOGIA Índex das reportagens
 
O software dá noções de Português, Matemática, História, Geografia, Estudos Sociais, Educação Artística e Ciências. Faz isso lançando mão de jogos educacionais que costumam prender a atenção das crianças com uma série de recursos audiovisuais, como charadas, quebra-cabeças e histórias em quadrinhos com personagens infantis. Além dos módulos dessas disciplinas, o programa também tem uma seção específica dedicada ao desenvolvimento sensório-motor e fornece uma avaliação impressa do desempenho das crianças nos exercícios. 

Testes na Apae - Nos últimos três anos, o ENSCER foi testado e desenvolvido com um 
adiante)”, afirma Patrícia Bellode Ramazzini, diretora escolar da Apae. “No início, alguns professores resistiram ao uso do computador como ferramenta pedagógica. Mas, como os bons resultados saltavam aos olhos, as resistências foram ficando para trás.”
Por lidar com alunos especiais, a estrutura curricular dos cursos da Apae difere da adotada pelas escolas para não-deficientes. O aprendizado é concebido para dar uma velocidade mais lenta do que nas aulas para crianças sem restrições. Durante sua vida escolar na Apae de Jundiaí, os alunos devem percorrer oito séries. Cada uma delas tem duração de um ano, seguindo uma nomenclatura totalmente diversa da vigente nos 
em diferentes áreas do cérebro. Ou seja, tinham áreas cerebrais com neurônios mortos e sem atividade elétrica. A existência de lesão constituía um desafio ainda maior para o desenvolvimento escolar dos alunos, pois comprometia o desempenho das funções (motoras ou cognitivas) normalmente coordenadas pelas  regiões cerebrais lesadas. A segunda metade de alunos exibia outro tipo de limitação: não tinha lesões, mas seu cérebro se debatia com problemas funcionais, que afetavam a troca de sinais elétricos entre as várias regiões nervosas. 

Esse tipo de problema ficou demonstrado na realização de eletroencefalogramas nas crianças durante a utilização do  
estabelecimentos convencionais. As quatro primeiras séries (níveis 1, 2, 3 e 4) correspondem mais ou menos ao maternal e pré-escola. As quatro últimas (alfabetização 1, 2, 3 e 4) equivalem à primeira  software. 
É justamente na forma de fazer esse exame que vem à tona uma interessante faceta do ENSCER: o sistema permite um diagnóstico refinado da atividade neuronal no exato momento em que as crianças executam uma 
grupo de quase 200 alunos especiais da escola da Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae) de Jundiaí, município do interior paulista onde fica a sede da Eina. Os professores da entidade foram treinados pa ra usar o software e a escola foi informatizada para que seus estudantes pudessem  determinada tarefa na tela do computador, enquanto aprendem e se divertem. Na eletroencefalografia tradicional, o registro é feito com a criança em repouso, quando seu cérebro não tem de realizar nenhuma tarefa definida, e dentro de um hospital, num ambiente estranho (às vezes, hostil) ao aluno portador de 
utilizar, de forma rotineira, o ENSCER. Na maioria dos casos, a introdução do software nas aulas da Apae acelerou a alfabetização das crianças, cuja idade variava de 6 a 18 anos. “Com o software, percebemos que certos alunos começavam a ler e escrever algumas palavras já no nível 3. No passado, eles só atingiam esse estágio no curso que chamamos de alfabetização 1 (dois estágios  e segunda séries do ensino fundamental. 
Os resultados do ENSCER na Apae foram considerados muito positivos por Rocha, ainda mais quando se determinou o perfil neurológico das crianças. Depois de submetê-las a exames de ressonância magnética na Faculdade de Medicina da USP, Rocha constatou que metade delas apresentava lesões estruturais 
problemas neurológicos. O ENSCER contorna essas duas desvantagens. 

“As crianças mal percebem que estão sendo submetidas a um exame”, diz Rocha. 

A Eina dispõe de uma unidade móvel de eletroencefalografia para ser utilizada nas escolas e entidades que vierem a comprar o software.

• JANEIRO/FEVEREIRO DE 2001 • PESQUISA FAPESP Nº 61
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