EINA - ENSCER
O uso do EEG no diagnóstico e avaliação
Os diversos eletrodos colocados sobre áreas diferentes do crânio registram a atividade de neurônios de áreas distintas do córtex cerebral. Pode-se considerar que se neurônios de diferentes áreas corticais foram recrutados para colaborar na execução de uma determinada tarefa, então a atividade desses neurônios estão correlacionadas (Fig. 1). A análise do EEG pode revelar, portanto, a associação de agentes envolvidas na solução de um determinado problema.
A situação experimental |
O EEG é referenciado aos eventos do jogo |
AMOSTRAS |
AREM |
DERIVAÇÕES |
Trechos do EEG referentes a um evento são selecionados | O EEG médio é calculado para cada um desses eventos | para cada uma das derivações do sistema 10/20 |
|
Calcula-se a correlação entre atividade promediada para as diversas derivações no AREM para gerar o MARE |
Fig. 1 O EEG durante a execução de jogos
Esse estudo pode ser feito durante a execução
de video-jogos (Fig. 2) especialmente elaborados para o estudo de
funções definidas do cérebro, tais como linguagem (por
exemplo, jogos de charadas, histórias, etc. ), diferentes
processamentos visuais (quebra-cabeça, rotação mental, etc.),
etc.
CHARADAS | HISTÓRIA |
QUEBRA-CABEÇA | ROTAÇÃO MENTAL |
Fig. 2 Os jogos utilizados para estudo do EEG
O procedimento para realizar tal estudo segue os seguintes passos (Fig. 1):
Utilizou-se os seguintes jogos para estudos de atividades correlacionadas ao processamento de linguagem e visual:
Utilizou-se três grupos de voluntários no estudo da atividade cerebral correlacionada a execução dos vídeo jogos:
Processando charadas
O jogo de charadas apresentou uma baixa taxa de erros. Na verdade os adultos não cometeram nenhum engano na seleção das figuras associadas às charadas apresentadas. As crianças pré-escolares foram as que cometeram maior quantidade de erros (Fig. 3). Os erros na Fig. 3 e em todas as outras, são sempre mostrados como porcentagem média em relação à todas as tomadas de decisão durante o jogo.
Os adultos gastaram em média 2 segundos desde a apresentação das figuras até o momento da seleção da resposta considerada correta. As crianças alfabetizadas gastaram o dobro desse tempo e os pré-escolares necessitaram de cerca de 10 segundos para a tomada de decisão. A entropia média da capacidade computacional alocada em todas as etapas do jogo variou de 13,5 bits no caso dos adultos, para 15,7 no caso das crianças alfabetizadas e 18,5 bits nos pré-escolares.
Pode-se dizer que a mesma tarefa representou graus de dificuldades diferentes para os três grupos, podendo ser considerada uma tarefa difícil para os pré-escolares. Essa conclusão deriva do fato de que o número de erros cometidos e o tempo para a tomada de decisão aumentaram dos adultos para os pré-escolares. O gráu de dificuldade na resolução do problema foi acompanhado por um aumento do esforço computacional, que se refletiu no aumento da entropia média das áreas associadas ao processamento das atividade do jogo.
Fig. 3 Comportamento dos grupos no jogo de charadas
A realização desse jogo implica na correta decodificação da informação verbal apresentada inicialmente, que contém os dados necessários para identificação da fruta ou profissão descrita. A informação obtida em cada frase deve ser mantida em memória, de modo a ser utilizada para o reconhecimento da solução da charada. Essa informação verbal deve ser utilizada para ativar uma memória visual dessa solução. Finalmente, após a apresentação das figuras, as hipóteses levantadas devem ser visualmente confrontadas com as alternativas oferecidas.
É interessante notar que muitas vezes, durante a apresentação verbal da charada, os voluntários verbalizaram a resposta correta, mesmo antes da apresentação da figuras correspondentes. Parece, portanto, que as etapas acima discutidas foram realizadas com sucesso pelos indivíduos, e na maioria das vezes, eles iniciaram a análise visual das alternativas oferecidas tendo apenas uma hipótese a testar.
A análise dos MAREs associados aos distintos eventos do jogo para os diversos grupos mostra (Fig. 4):
INÍCIO DA CHARADA |
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MEIO DA CHARADA |
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FIM DA CHARADA |
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ANTES DA ESCOLHA 2 segundos |
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ANTES DA ESCOLHA 1 segundo |
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ADULTOS | ALFABETIZADOS | PRÉ-ESCOLARES | CHARADAS |
Fig. 4 O MAREs para os diversos grupos e eventos do jogo de charadas
Rodando imagens
Os erros cometidos pelos adultos foram menores que aqueles das crianças alfabetizadas, e essas cometeram menor número de enganos do que as pré-escolares. Todos os grupos foram bastante rápidos na tomada de decisão, e o número total de erros foi bastante reduzido nos grupos de crianças, quando comparados aos outros jogos (Fig. 5).
Fig. 5 Comportamento dos grupos no de rotação mental
Os recursos computacionais alocados pelos
diversos grupos para a solução desse tipo de jogo se diferencia
bastante do padrão descrito para os outros jogos. No caso de
rotação mental, os adultos alocaram cerca de uma vez e meia os
recursos utilizados pelas crianças. Além disso, não parece
haver uma proporcionalidade entre a alocação de recursos e a
quantidade de erros, ou mesmo o tempo para a tomada de decisão.
APÓS A APRESENTAÇÃO 1º segundo |
|||
APÓS A APRESENTAÇÃO 2º segundo
|
|||
ANTES
DA DECISÃO 2 segundos |
|||
ANTES
DA DECISÃO 1 segundo |
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ADULTOS | ALFABETIZADOS | PRÉ-ESCOLARES | ROTAÇÃO |
Fig. 6 O MAREs para os diversos grupos e eventos do jogo de rotação mental
A correta execução desse tipo de jogo implica em manter o modelo em memória, e efetuar mentalmente sua rotação para comparar com as alternativas apresentadas e tomar a decisão. Esse processamento parece envolver um trabalho predominante do hemisfério esquerdo, uma vez que (Fig. 6):
É interessante notar que vários trabalhos tem mostrado
uma participação importante do lobo parietal esquerdo, mais precisamente de
áreas próximas ao giro angular, nos processos de rotação mental. Além disso,
portadores de lesão nessa região apresentam dificuldades também em tarefas de
translação espacial. Por esse motivo, os pacientes com síndrome de Gerstamann
, que tem lesões comprometendo o córtex parietal nas imediações do giro angular,
também apresentam discalculia e uma tendência a confundirem letras tais como
p, b, q e d. A identificação dessas letras está
relacionada a uma precisa identificação espacial, e podem ser confundidas em
função de distúrbios nos processos de rotação mental.