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"O Cérebro na Escola"

Capítulo I - Projeto de Atividade Educacioanal

A proposição de que o aprender só é possível a partir de um conhecimento inicial pré-existente é um paradigma antigo em nossa cultura, que já encontra em Sócrates um importante defensor, e modernamente é argumento fundamental da linha nativista, que postula uma dependência do aprender ao inato, mesmo para funções complexas como a linguagem. Platão argumenta que o aprender só é possível a partir de um conhecimento inato muito amplo, de modo que esse aprender quase se torna sinônimo de relembrar. Muito da visão chomskiana da dependência da linguagem a mecanismos inatos segue essa linha de pensar.

A proposição que se opõem a linha nativista, preconiza o aprendizado a partir de um sistema (cérebro) que não sofre nenhuma restrição inicial, isto é de uma tabula raza. Muito do aprender, nesse caso, deriva de uma inferência estatística.

Naturalmente, nenhuma dessas teorias extremistas – nativismo ou tabula rasa – pode modelar com sucesso a complexidade do aprender, pois sabe-se hoje que, se por um lado a herança filogenética provê um conhecimento inicial importante; por outro lado, a plasticidade do cérebro em modificar sua estrutura inicial em função das demandas ambientais, é fator importante para a adaptação do indivíduo ao meio em que vive.

É argumento central nesse trabalho, de que o aprender é um processo cerebral que sofre tanto a influência de uma herança filogenética importante, que garante um sucesso inicial desse cérebro num mundo que sofre mudanças lentas; como é capaz de inovar e criar novos modelos que sirvam ao propósito de adaptar o organismos às essas mudanças, que embora graduais, existem.

O aprender requer um conhecimento inicial fornecido filogenética e/ou culturalmente, que deve ser trabalhado pelo aprendiz para ajustá-los às suas necessidades e fazê-lo evoluir para gerar soluções para novos problemas que tenha que enfrentar.

Foi James M. Baldwin, que primeiramente propôs que o desenvolvimento da mente da criança se faz em quatro estágios universais: sensoriomotor; quase-lógico; lógico e hiperlógico. Jean Piaget, que tanto influenciou a área no último século, redefiniu esses estágios, como: sensoriomotor, pré-operacional, operacional e lógico. Segundo esses autores, a inteligência é um processo guiado e definido pela lógica, que embora seja suportada por mecanismos gerais herdados filogenèticamente, é um traço marcante da espécie humana e que precisa ser modelada na criança, para que essa atinja uma capacidade intelectual mínima. O construtivismo preconiza, também, que o desenvolvimento intelectual da criança se faça por etapas bem definidas, e homogêneas. Isso implica que, em geral, todas as crianças de uma faixa etária definida utilizem os mesmos processos mentais para tratar todos os problemas que devem enfrentar e solucionar naquela etapa. O desenvolvimento é feito através de um processo em escada (Fig. 1), em que a mudança de uma fase a outra se faz rapidamente em determinados momentos, enquanto a duração de cada fase é longa em relação à etapa de mudanças.

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