O projeto ENSCER tem como argumento central que o aprender é um processo cerebral que sofre tanto a influência de uma herança genética importante, a qual garante um sucesso inicial da pessoa num mundo que sofre mudanças lentas, como é capaz de inovar e criar novos modelos que sirvam ao propósito de adaptar o indivíduo a essas mudanças.
Certas funções intelectuais já estão razoavelmente desenvolvidas em idades mais precoces do que as preconizadas pelas teorias existentes, como também são de domínio de inúmeros animais.
As crianças mantêm o uso de estratégias diferentes para a solução do mesmo problema durante um longo tempo (Fig. 1). Mesmo estratégias consideradas primitivas -- como solucionar um problema de soma com a utilização de contagem de dedos -- permanece como viável e utilizável durante toda a nossa vida.
A inteligência, segundo essa ótica, é a capacidade de ser eficiente em encontrar novas soluções para novos problemas. O cérebro é capaz de fazer isso por ser um sistema constituído por um conjunto de agentes (circuitos cerebrais), cada um dos quais especializado na solução de uma tarefa específica (Fig. 2). Sua capacidade de solucionar problemas consiste na versatilidade de seus agentes em se associarem de maneiras distintas para adaptarem o sistema a situações diferentes.
É outra proposição importante do projeto ENSCER, considerar que o aprender envolve o desenvolvimento da conectividade cerebral necessária à associação dos agentes mais adequados para a solução de um dado problema, novo ou antigo.